💃 Dance dance dance

Hábitos, consistência e a importância de jogar para o longo prazo

MP;RA

(versão brasileira do TL;DR, too long didn’t read, Mó Preguiça, Resume Aí)

  • “Por isso, dance enquanto a música estiver tocando.” Hábitos podem te proporcionar uma visão para o longo prazo, independente de saber exatamente para onde você está indo na vida.

  • Consistência é o que faz um hábito virar um hábito e é sempre bom lembrar que pequenas ações podem dar grandes resultados. 

  • O que fazer quando você se sentir perdido(a), nunca perca sua curiosidade.

Essa edição fala sobre hábitos e consistência, mas antes de ir direto ao assunto o que isso tem a ver com dançar?

Cultivei o hábito de ler na “vida adulta” e até para ler minhas escolhas foram um pouco diferentes, ao invés de ir para os livros mais famosos ou os clássicos decidi explorar estilos diferentes.

Olhava o maps, escolhia um país e colocava no google “quais são os melhores livros de X país”, o resultado disso foi escolher livros de autores brasileiros, russos, coreanos, nigerianos, estado-unidenses, poloneses, argelinos, japoneses, argentinos e provavelmente mais alguns que não lembro.

De tudo que li nesses últimos anos, os russos não são considerados clássicos à toa, mas minha maior surpresa foi a literatura japonesa e em específico o Haruki Murakami.

O estilo dele é considerado realismo mágico, que mistura a realidade com aspectos surreais.

Tá bom, mas por que tudo isso?

Nas histórias dele, tem algumas coisas muito difíceis de interpretar e acho que cada um tem uma experiência diferente com as histórias.

Um dos livros dele se chama “Dance dance dance” e se você tiver interesse, vai se deparar com essa frase no capítulo 11:

“Só lhe resta dançar - continuou o homem carneiro. - E dançar de modo exemplar. A ponto de todos ficarem admirados. Pois, assim, talvez eu consiga ajudá-lo. Por isso, dance enquanto a música estiver tocando.”

Agora cagando pra hora da historinha e voltando para a realidade.

O livro não tem absolutamente nada sobre dançar.

Os personagens do Murakami geralmente são pessoas comuns tentando se encontrar ou lidando com a solidão.

Quando li esse livro estava me sentindo um pouco (muito) perdido na vida e essa frase mexeu comigo.

Na vida as coisas dão errado, nos sentimos perdidos, frustrados, mas a vida continua, então só nos resta continuar dançando não é mesmo?

Se literatura não é sua praia, toma a mesma mensagem da música “Physical” da Dua Lipa:

Baby, keep on dancing like you ain’t got a choice. /// Continue dançando como se você não tivesse escolha.

O que é continuar dançando?

Se a gente entrar no assunto de significado e sentido de novo vou precisar de uma pausa para chorar no meio de escrever, então vamos para algo um pouco mais prático.

Independente da situação que você estiver, a vida continuar e precisamos continuar nos movimentando.

Podemos não saber exatamente o que queremos fazer dessa vida, mas entender o que realmente é importante é um pouco mais simples.

Queremos aprender coisas novas, melhorar nossas habilidades em alguma coisa, passar mais tempo com pessoas importantes, conhecer pessoas novas e por aí vai.

Além de escritor, o Murakami também é corredor e por muito tempo correu 10km por dia e participava de maratonas todos os anos.

Já deu pra perceber que virei um fã dele?

Além dos romances, ele tem um livro chamado “Do que eu falo quando eu falo de corrida” e o ponto de visto dele é muito simples, mas tem algo especial nessa simplicidade:

O que quero dizer é: não comecei a correr porque alguém me pediu para me tornar um corredor.

Assim como não me tornei um romancista porque alguém me pediu para ser um.

Certo dia, do nada, quis escrever um romance. 

E um dia, do nada, comecei a correr - simplesmente porque eu quis.

Sempre fiz o que tive vontade de fazer na vida.

As pessoas talvez tentem me deter, e me convencer de que estou errado, mas não vou mudar.

Se alguma coisa é importante, você precisa fazer alguma coisa, “faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço“ não rola.

De que adianta falar que exercícios são importantes e não levantar a bundinha da cadeira? Nada.

Quando parece que tá tudo dando errado ou começando a desandar, os seus hábitos podem ser seus melhores suportes.

Cultive hábitos para o longo prazo

Cultivamos hábitos para melhorar em alguma área da vida, nos exercitamos para manter o corpo mais saudável, nos alimentamos de maneira mais consciente para não engordar ou emagrecer, lemos para aprender coisas novas e por aí vai.

Cultivar um hábito é como cuidar de uma planta, se você faz a manutenção dela todos os dias ela cresce e dá flores.

Esquecer de regar a planta uma vez não vai matar ela, mas também não é o ideal.

E se você para de cuidar dela, ela morre.

Existem hábitos que são como um cacto e outros que são como plantas mais delicadas (deu pra ver que não entendo nada de plantas, mas você entendeu a analogia).

Alguns hábitos vêm de maneira mais natural e exigem pouca manutenção e outros são extremamente difíceis, eu, por exemplo,odeio fazer academia e to me esforçando para voltar a correr, mas para ler e escrever diariamente praticamente não faço esforço nenhum.

Independente da planta que estiver cultivando, as duas coisas que você precisa ter em mente são: longo prazo & consistência.

Na verdade, os dois são uma coisa só, sem consistência os hábitos não se formam e o longo prazo não existe.

Quando você estiver começando a ler ou a fazer um exercício, por exemplo, e estiver naquela fase de procrastinação, pense no longo prazo que fica mais fácil de fazer os hábitos quando se tem um objetivo em mente.

Quando parece que aquilo é uma atividade “pequena demais”, às vezes é bom lembrar que pequenas ações podem ter grandes resultados.

Essa é outra maneira para não precisar depender de motivação.

Motivação é maravilhosa quando ela aparece, mas quando ela desaparece é foda conseguir ter ânimo de novo.

Sabe aquele projeto novo que ficamos animados, planejamos, criamos tudo que é possível, mas depois de algum tempo quando a motivação vai embora ele vira mais um projeto que foi para a gaveta e ficou esquecido.

Os hábitos e sistemas também são um jeito de garantir o progresso sem depender de motivação.

Em momentos ruins, continuei lendo minhas 10 páginas por dia e completar essa atividade me dava um pouquinho de ânimo para começar outra.

Essa é a ideia de “arrumar sua cama de manhã”, ao fazer alguma ação simples você cria um impulso para continuar fazendo outras coisas.

Como voltar para o caminho se você se perder

Mesmo sem depender só da motivação, períodos de desânimo também fazem parte do jogo, então algumas dicas de como sair do buraco são essenciais para se ter debaixo da manga.

O Dan Koe tem um vídeo muito bom no reels que basicamente diz:

Se você está se sentindo perdido(a):

A resposta é conhecimento.

Se você já tem o conhecimento:

A resposta é execução.

Se você já está executando:

A resposta é consistência.

Isso não é necessariamente um passo a passo, muitas vezes estamos motivados, planejamos tudo e não levamos um projeto para frente.

O que fazer então? Tenta outra coisa, se até o Da Vinci abandonou centenas de projetos, quem somos nós para achar que precisamos acertar no primeiro?

Depois de ler a biografia dele, tem uma ideia que ressoou muito forte para mim, que espero que também te ajude:

Curiosità

Será mesmo que a curiosidade matou o gato?

Sem curiosidade não vamos para lugar nenhum. O que dá ânimo para correr atrás das coisas é manter a curiosidade pela vida.

Ou você realmente acha que um cara que era pintor, escultor, matemático, arquiteto, urbanista, físico, astrônomo, engenheiro… tinha um interesse só?

Em que estágio da nossa vida chegamos na conclusão que a gente não podia ter interesses diferentes?

"Vivemos em um mundo complexo e precisamos ser fortes para sobreviver durante o caos.

Virei escritor aos 30 anos e comecei a correr quando tinha 32 ou 33 anos.

Decidi correr todos os dias porque queria ver o que iria acontecer.

Acredito que a vida seja um tipo de laboratório em que podemos tentar qualquer coisa.“

Haruki Murakami em uma entrevista para o The New Yorker.

Meu objetivo com a Tripulantes é trazer essa curiosidade de volta.

Acho que a ideia deixou de ser tentar descobrir quem sou eu no mundo.

A ideia passou a ser aproveitar a jornada, mantendo a curiosidade por coisas diferentes.

Não deixe ninguém te colocar em uma caixa.

Você é único(a) no mundo e NINGUÉM pode tirar isso de você!

🏳️até a próxima

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