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🏖️ Encaixe o trabalho na sua vida
A mentalidade é construir um negócio ao redor da sua vida, não construir sua vida ao redor do trabalho.

MP;RA
(versão brasileira do TL;DR, too long didn’t read, Mó Preguiça, Resume Aí)
Uma Empresa de um Só é essencialmente um negócio que questiona o crescimento.
O objetivo é estruturar seu trabalho ao redor da sua vida, garantindo resiliência, autonomia, velocidade e simplicidade.
Não é nenhum hack de dinheiro fácil, inclusive até encontrarmos algo que faz sentido pode demorar um bom tempo.
Pode não ser o primeiro projeto que dá certo, desenhe um plano e continue tentando!
Em fevereiro participei de uma call com um leitor da Builders 2 Builders e ele me recomendou um livro chamado Company of One.
Tem alguns livros ou conteúdos que quando lidos no momento certo da sua vida eles fazem uma diferença enorme, pra mim isso só aconteceu duas vezes, a primeira com Hábitos Atômicos e a segunda com esse.
Company of One no bom português pode ser traduzido como “Empresa de um Só”, em outro conteúdo que escrevi chamei o conceito de Empresa Consciente e lendo esse texto de novo, junto com algumas anotações, fiquei pensando em algum outro nome diferente e só cheguei em “Encaixe seu trabalho na sua vida“ (virou o título dessa edição, mas ainda não gostei).
A frase que acompanha o título do livro é “Why Staying Small Is the Next Big Thing for Business”, Por que continuar pequeno é a próxima tendência de negócios. Esse é o questionamento de guia o livro inteiro:

Em todos os lugares que trabalhei, todos eles tinham a ambição de crescer, aumentar as vendas, contratar mais pessoas, expandir o negócio, e por aí vai.
Mas voltando um passo atrás, por que assumimos que crescer é sempre bom mesmo? Parece que em todas as empresas que passamos o crescimento ilimitado é sempre a meta e que isso é realmente um pré-requisito para o sucesso.
Acredito que é hoje isso se tornou um pensamento “natural”, com uma cultura de consumo cada vez mais forte, queremos sempre o carro mais novo, uma casa maior, um armário cheio com as últimas roupas novas, mas tem um lado obscuro em tudo isso.
Todo esse consumo realmente nos faz mais felizes ou é só uma falsa promessa de felicidade e realização?
Amo o exemplo do celular novo, quando pegamos um celular novo, tratamos ele que nem um filho, tomamos cuidado para deixar ele em cima da mesa e só falta cobrirmos ele para ele dormir melhor de noite.
Depois de 1, 3, 5 meses, aquela sensação de “brinquedo novo“ passa e deixamos de ter o mesmo cuidado com o celular, nesse momento jogamos ele na cama, alguns deixam sem capinha, outros já derrubaram e outras pessoas já estão se acostumando com os primeiros riscos e trincadas.
Acredito que a mesma coisa acontece com praticamente tudo que consumimos e para empresas não é muito diferente, esse desejo de sempre buscar o próximo upgrade nem sempre é a decisão mais inteligente.
Um caso real de uma Empresa de um Só
Tom Fishburne já tinha escalado a escada corporativa, ocupava um cargo de Diretoria de uma empresa de bens de consumo e decidiu sair deixar o mundo corporativo para se tornar cartunista.
Não foi um acesso de loucura, nem decidiu seguir sua paixão de forma cega, ele planejou essa mudança para, na medida do possível, se assegurar que iria dar certo.
Quando era criança, Tom era obcecado por desenhar, a paixão seguiu com ele durante os tempos de faculdade em Harvard, que fazia quadrinhos para o jornal da faculdade.
O caminho natural foi conseguir um trabalho corporativo em marketing depois de conseguir seu diploma, mas os quadrinho continuaram como um hobbie, fazendo piadas até sobre o próprio marketing.
Seus quadrinhos chamaram atenção de amigos e de amigos de amigos, até sair do seu círculo de conhecidos. Ele começou a aceitar algumas comissões como um projeto paralelo, no qual ele desenhava durante seus finais de semana.
Tom só decidiu abandonar seu cargo corporativo quando já haviam alguns clientes na espera e quando já havia guardado um dinheiro de segurança se algo desse errado.
Em 7 anos depois de sair do mundo corporativo, Tom construiu uma renda de duas a três vezes maior que seu cargo de executivo.
A sua empresa, a Marketoon, ainda é composta por ele, sua esposa e alguns freelancers que trabalham em projetos específicos.
O casal trabalha da casa deles, em um estúdio na parte dos fundos do quintal, onde eles e suas duas filhas passam regularmente tempo juntos desenhando.
Questione o Crescimento
Nas startups o modelo de MVP é muito conhecido, é o produto viável mínimo, qual é o produto ou serviço mais básico possível que posso oferecer para validar minha ideia ou meu modelo de negócios.
Depois do mínimo produto viável tem fundadores que já vão para investidores para captar milhões e muitas vezes o “suficiente“ é tudo que precisamos.
Quando um negócio cresce a complexidade dele aumenta e isso geralmente resulta em mais problemas, mais responsabilidades e, provavelmente, mais estresse.
No lado pessoal, se crescemos a empresa e temos mais responsabilidades, nosso tempo para fazer outras coisas tende a diminuir.
Já viu alguém tão pilhado com trabalho que a pessoa nem come direito, esqueceu dos exercícios ou até tá precisando de um remedinho para dormir? É muito mais comum do que imaginamos e um dos resultados de tudo isso se chama burnout.
Além do burnout, vale mesmo a pena focar tanto na empresa a ponto de deixar de lado sua saúde, física e emocional, seus relacionamentos, de perder momentos importantes ou qualquer outro sacrifício de algo essencial?
Claro que fui para o extremo, mas o propósito é questionar:
Você quer mesmo encaixar sua vida no seu trabalho?

Por que decidir por uma Empresa de um Só ou uma operação enxuta?
É até irônico que isso seja comum em startups que crescem, porque todo ecossistema de startups praticamente usa o livro Startup Enxuta do Eric Ries como uma bíblia.
O conceito principal do livro é criar um ambiente de inovação contínua através de métodos ágeis de desenvolvimento de produtos.
Parece até uma ideia contraintuitiva, mas sempre podemos criar sistemas e métodos para fazer a gestão dos nossos negócios com menos.
Para resolver os problemas com menos, é necessário ter certas habilidades e conhecimentos para contornar problemas.
O jeito comum de resolver qualquer problema é geralmente adicionar complexidade “ah contrata mais alguém, contrata tal serviço”, mas esse jeito significa mais gastos.
Entendeu onde quero chegar? No momento que usamos nossa criatividade e nosso conhecimento para resolver problemas com menos, nossa empresa começa se torna mais estável, uma vez que precisa de menos pessoas e complexidade, menos gastos são necessários e portanto, mais dinheiro vaia para o seu bolso.
Os benefícios da Empresa de um Só são:
Resiliência
Autonomia
Velocidade
Simplicidade
Um negócio pequeno é extremamente ágil, como resultado a adaptação de cenários é mais simples e existe um senso de propósito consistente.
Como dono, temos controle completo sobre a visão da nossa marca, que além da autonomia significa que também decidimos quanto tempo da vida queremos passar trabalhando para começo de conversa.

Lei de Metcalfe, no caso de uma empresa, quanto mais pessoas, mais interconexões, o que deixa o processo cada vez mais complexo e, consequentemente, mais difícil de lidar.
Mentalidade de uma Empresa de um Só
Se você é uma Empresa de um Só, sua mentalidade é construir um negócio ao redor da sua vida, não construir sua vida ao redor do trabalho.
O fundamento principal para construir uma Empresa de um Só de sucesso é se manter simples.
Uma base de clientes simples, ofertas de produtos simples e estrutura de negócios simples.
O objetivo é decidir até que ponto queremos crescer e trabalhar para manter esse padrão.
Prefere trabalhar 12 horas por dia e ganhar um salário de R$ 20 mil ou prefere trabalhar 4 horas por dia e ganhar R$ 10 mil com autonomia total do seu negócio?

Em português “trabalhe 4 horas por semana“, esse é o próximo livro que vou ler inclusive.
Não sei o seu objetivo e o tipo de vida você quer viver, mas você é a única pessoa que pode responder essas perguntas.
Depois de refletir sobre isso, pense no caminho reverso, a partir do estilo de vida que você quer, a quantia que for necessária para esse objetivo é o quanto você precisa crescer seu negócio.
E se alcançar essa quantia e quiser continuar? Assim, a vida é sua e o único motivo de eu estar escrevendo isso é para ajudar, então aqui vão alguns pontos a se considerar:
Ganhar mais não é sempre melhor porque ganhar mais exige mais trabalho e, consequentemente, mais problemas.
Para ganhar mais você provavelmente vai precisar de mais clientes, o que significa que vai passar mais tempo trabalhando para entregar e se isso chegar em um volume grande, talvez seja necessário ter mais pessoas na sua equipe para suprir a demanda.
Assim você acabou de voltar para o caminho “tradicional” de crescimento.
Se pensou bem sobre a quantia que você precisa para viver a vida que você quer e alcançou essa meta “enough is enough“, já é o suficiente.
Nesse ponto do jogo, você pode escolher os clientes que realmente quer atender, pode pensar a cobrar mais caro pelos serviços e além de ganhar o dinheiro que desejava, ainda consegue mais realização fazendo o que realmente gosta!
Isso é questionar o crescimento do negócio.
Comece Pequeno, Defina o Crescimento e Continue Aprendendo
Para não estender ainda mais esse conteúdo, só alguns tópicos relevantes:
Começar pequeno pode ser começar por um projeto paralelo, não largue seu emprego com a esperança de acontecer algum milagre da noite para o dia!
Pode até parecer contraditório, como podemos construir um negócio enquanto estamos trabalhando? Antes de pensar em dominar o mundo, refletir sobre as coisas que realmente queremos é a parte mais importante.
O livro e esse conteúdo são maneiras de te encorajar a construir uma Empresa de um Só de sucesso, não é um hack nem uma maneira de ganhar dinheiro rápido para sustentar seu estilo de vida.
Ao invés de procurar uma solução rápida, busque uma solução duradoura, começar um projeto paralelo de algo que você realmente gosta nas suas horas extras pode eventualmente ser a resposta que você estava procurando (e pode demorar um pouco, é bom lembrar disso também).
Quando surgirem os primeiros clientes e a tração começar a funcionar, você tem um tato melhor sobre o mercado se existe uma demanda real por aquilo que você está fazendo.
Assim que esse projeto pegar tração, aí é a hora de decidir se está na hora de largar o seu emprego para investir o seu tempo integral nessa ideia.
Pode não ser o primeiro projeto paralelo que dá certo, pode ser o 10º, o importante é continuar tentando que eventualmente nos encontramos!

O tempo tá passando, bora começar logo?
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